A COMPREENSÃO DO PROCESSO DE ESCRITA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM

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Abstract

According to Donida and Blanco (2021), the Brazilian educational system can be perceived as a perpetuator of social inequalities, manifested through variations in access to literacy. Beyond its social nature, writing is also a cognitive task in which several demands (ideational, textual, linguistic, procedural, etc.) compete for attention. In this sense, we conducted a literature review that covers the last 10 years with the purpose of investigating how studies in the field of psycholinguistics have contributed to the teaching and learning of writing. From the perspective of psycholinguistics, the definition of skilled writing involves the need to develop linguistic and textual genre knowledge in the target language (MANCHÓN, 2013). For the investigation of such skilled writing, methodological advances (RODRIGUES, 2019) have made it possible to monitor the writing process synchronously and non-invasively with the use of screen recording, recording of keys pressed on the computer (keyloggers), and eye tracking in order to subsidize school practices (BREUER, 2019; TIRYAKIOGLU, PETERS, VERSCHAFFEL, 2019). The reviewed literature broadly encompasses the subdivision of the writing process into planning, formulation/ translation, and revision/ editing according to models by Flower & Hayes (1980, 1981), Hayes (1996), and Kellogg (1996). These sub processes interact with each other cyclically, i.e., they are not implemented linearly, but recursively throughout the writing process. At last, we compiled sample psycholinguistics investigations that were incorporated into teaching and learning practices.

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  1. This Zenodo record is a permanently preserved version of a PREreview. You can view the complete PREreview at https://prereview.org/reviews/10047923.

    Introdução

    Este texto é uma avaliação comunitária realizada por membros do clube de revisõe de preprints do PreReview "Language Club", que examinaram o artigo intitulado "A Compreensão do Processo de Escrita e Suas Contribuições para o Ensino-Aprendizagem". O artigo em tela propõe uma revisão teórica abrangendo os últimos 10 anos de estudos na psicolinguística do bilinguismo e busca explorar as contribuições desses estudos para o ensino-aprendizagem da escrita. O texto apresenta nossas impressões gerais sobre o texto, comentários específicos sobre pontos relevantes e sugestões para os autores.

    Comentários Gerais

    O artigo apresenta uma proposta ambiciosa que busca percorrer a literatura dos últimos 10 anos na área da psicolinguística do bilinguismo. Seu objetivo é esclarecer as contribuições dessa disciplina para o ensino-aprendizagem, além de abordar os métodos usados na pesquisa experimental sobre a escrita.

    O texto fornece um panorama interessante sobre esses métodos, com potencial para enriquecer a prática pedagógica de professores que ensinam leitura, uma habilidade importante em todos os níveis da vida escolar e em todas as esferas sociais. A relevância da temática abordada no artigo é inegável. De fato, a área de estudos abordada continua muito obscura para os profissionais (linguistas, pesquisadores e professores de línguas) e praticamente desconhecida pelos professores da educação básica, que sequer conseguem refletir sobre os aspectos cognitivos da lectoescritura. No entanto, alguns ajustes são necessários para que o texto se adeque aos objetivos propostos.

    Assim, por exemplo, não fica claro por que o período de 10 anos foi escolhido como recorte temporal para revisar os estudos psicolinguísticos nem a metodologia empregada para essa revisão. Além disso, embora a leitura seja discutida amplamente, a natureza dessa leitura (em língua materna ou estrangeira) não é suficientemente explicitada, deixando espaço para interpretações divergentes.

    Comentários Pontuais

    1. O artigo necessita de esclarecimentos adicionais quanto à metodologia de seleção e revisão da literatura. As autoras não detalham por que escolheram um recorte temporal de 10 anos, nem apresentam informações sobre os critérios de inclusão e de exclusão dos estudos. Isso levanta questões sobre a representatividade da revisão e a possibilidade de viés na seleção.

    2. Outro ponto de preocupação refere-se à amplitude da discussão sobre leitura. As autoras precisam esclarecer se estão tratando exclusivamente da leitura em língua materna ou se consideram que os processos de leitura são os mesmos em línguas maternas e estrangeiras. A princípio, parece que o texto enfatizará leitura em língua materna. No entanto, no final da introdução, as autoras afirmam que as línguas que abrangem a seleção bibliográfica são alemão, inglês e português brasileiro. Creio que seja importante explicitar se as autoras assumem que o processo de leitura é o mesmo para língua materna e estrangeira. Assim, uma delimitação mais clara do escopo do artigo é necessária.

    3. A clareza conceitual é fundamental, especialmente para leitores não especialistas. A introdução poderia ser mais acessível, conceituando termos-chave como "macroprocessos" e "subprocessos" para garantir uma compreensão mais ampla do texto. As autoras utilizam poucas referências quando operacionalizam definições essenciais do trabalho, como, por exemplo, a definição de escrita ou da área da psicolinguística (ver, por exemplo, Levelt, 2013; Oliveira; Sá, 2022).

    4. As autoras não oferecem qualquer pista sobre o conteúdo a ser explorado pela escrita, ou melhor, pelo ato de escrever. Mesmo quando descrevem a escrita como sendo um processo dinâmico que requer reflexão crítica sobre as ideias e a construção de argumentos coerentes e que necessita de conhecimentos prévios e básicos para ser assimilada por seus prováveis leitores, não chegam a tocar no conteúdo da escrita. Sabemos que quem tem o que dizer encontrará os meios de fazê-lo. O problema não está no como o fará, mas o que tem para expor. O fato de as autoras tratarem dessa maneira o assunto revela a sua concepção de ensino-aprendizagem como algo que cabe ser transmitido aos estudantes. Ensinar é ensinar a pensar, a raciocinar, a refletir a fim de desnudar a realidade objeto de estudo - seja ela até o ensino da escrita.

    5. Não está clara a relação entre a tradução, proposta por Hayes e Flower, e a noção de criatividade, proposta por Chomsky. Ao citar a revisão, convém esclarecer que há, também, revisões que ocorrem apenas mentalmente e, por isso, não são apreensíveis pelas ferramentas disponíveis até o momento.

    6. Os estudos apresentados em 2.2 foram executados somente com alunos que escrevem em português brasileiro? Quanto aqueles que escrevem em português e alemão? Em relação às dificuldades na escrita: alguma dificuldade específica foi enfatizada? A utilização do termo "leitura mais desorganizada" na revisão dos estudos na seção 2.2 pode ser ambígua e carece de uma explicação mais aprofundada, considerando as várias variáveis que influenciam os padrões de fixações e sacadas em leitura. Os padrões de fixação evidenciados pelo eye-tracking dão pistas do nível de proficiência de leitura: se os alunos demoram muito tempo em palavras gramaticais, por exemplo, é sinal de que eles não são leitores proficientes. Os alunos podem não conseguir decodificar, ou podem decodificar muito lentamente, sobrecarregando a memória de trabalho e prejudicando todo o processo de leitura.

    7. O tema bilinguismo, que é mencionado na introdução, é pouco explorado ao longo do texto. As autoras poderiam elaborar mais sobre esse tema, uma vez que se trata de um ponto de grande relevância na psicolinguística do bilinguismo.

    8. O artigo apresenta inconsistências na citação e referência de fontes de informação, e a formatação da lista de referências e o sistema de citação não seguem as normas adequadas. Alguns artigos mencionados na lista de referências não são citados no texto, enquanto outros citados no texto não constam na lista final. Há uma sentença no artigo que está igual à primeira sentença do capítulo escrito por Rodrigues (2019). Apesar da informação ter sido apresentada como uma citação indireta, na verdade, ela é uma citação direta. As autoras devem atentar para o uso das aspas e informar o número da página na qual a sentença foi retirada (p. 115). Ainda, a formatação da lista de referências e o sistema de chamada das citações não estão de acordo com a NBR 6023 (2018) e a NBR 10520 (2023), respectivamente.

    9. Há problemas significativos na escrita, incluindo frases que não continuam, pontuação inadequada e sentenças difíceis de compreender. Uma revisão textual, gramatical e estilística é essencial para melhorar a clareza e fluidez do texto.

    Sugestões para os Autores

    1. Na introdução, seria valioso fornecer uma visão mais clara do conteúdo a ser explorado no texto, dando aos leitores uma ideia mais precisa das informações a serem abordadas.

    2. Recomendamos que as fontes utilizadas para definir conceitos-chave sejam citadas e referenciadas.

    3. Sugerimos sistematizar a seleção de artigos citados, concentrando-se em um problema de leitura específico, um grupo demográfico específico e suas dificuldades. Isso tornaria a pesquisa mais precisa e orientada para soluções específicas. Recomendamos a descrição dos métodos de busca, seleção e síntese da literatura.

    4. Uma sugestão, portanto, é que as informações metodológicas de busca, seleção e síntese da literatura sejam descritas ao leitor. Revisões de escopo ou sistemáticas, por exemplo, têm diretrizes específicas para sua elaboração (ver, por exemplo, Gil, 2023; Tricco et al., 2018). Estas diretrizes podem ser incorporadas, inclusive, em revisões de literatura mais tradicionais como a que foi reportada no artigo sob análise.

    5. Nesse sentido, outra sugestão é conduzir uma revisão de escopo da literatura sobre os estudos psicolinguísticos da escrita e suas relações com as práticas pedagógicas em sala de aula.

    6. Para melhorar a clareza e robustez do artigo, sugere-se que as autoras aprofundem a relação entre os estudos apresentados e suas contribuições para o ensino-aprendizagem, tornando essa conexão mais evidente.

    7. A questão do bilinguismo mencionada na introdução pode ser mais bem explorada ao longo do texto.

    8. É fundamental que as autoras revisem o texto de maneira abrangente, considerando aspectos gramaticais, estilísticos e de clareza. Recomendamos que essa revisão seja feita por um profissional.

    9.     Como leitura complementar, recomendamos a consulta do livro "Medo e Ousadia - O Cotidiano do Professor", de Paulo Freire e Ira Shor, que aborda desafios na prática educativa libertadora.

    10.  Comentários pontuais ao longo do texto original, feitas por nossos revisores, podem ser acessados no seguinte link: https://archive.org/embed/comments_10.35542osf.iony2qv.

    Conclusão

    Embora o artigo trate de uma temática importante, uma revisão completa e aprofundada é necessária para atender às expectativas acadêmicas e fornecer uma contribuição significativa à área de psicolinguística experimental e educação. Com essas melhorias, o trabalho pode se tornar uma valiosa fonte de informação para pesquisadores, educadores e profissionais interessados na relação entre o processamento da leitura e o ensino da escrita.

    Referências

    GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 7. ed. Barueri: Atlas, 2023.

    LEVELT, Willem Johannes Maria. A History of Psycholinguistics: The Pre-Chomskyan Era. Oxford: Oxford University Press, 2013.

    OLIVEIRA, Cândido Samuel Fonseca de; SÁ, Thais Maíra Machado de. (Org.). Métodos experimentais em psicolinguística. São Paulo: Pá da Palavra, 2022.

    RODRIGUES, Erica dos Santos. A escrita como processo. In. MOTA, Mailce Borges; NAME, Cristina (Org.). Interface linguagem e cognição: contribuições da Psicolinguística. 1. ed. Tubarão: Copiart, 2019.

    SHOR, Ira; FREIRE, Paulo. Medo e Ousadia – O Cotidiano do Professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

    TRICCO, Andrea C.; et al. PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMAScR): Checklist and Explanation. Annals of Internal Medicine, v. 169, n. 7, p.  467–473, 2018. DOI: https://doi.org/10.7326/M18-0850

    Competing interests

    The author declares that they have no competing interests.