NÃO HÁ NADA MAIS IMPORTANTE DO QUE A VIDA – REFLEXÕES SOBRE UM ENSINO DE FILOSOFIA PARA CRIAR E DOAR
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Este artigo propõe uma abordagem singularizante para o ensino de Filosofia, articulando uma série de experiências em sala de aula com os conceitos de interseccionalidade – criado por Kimberlé Crenshaw – e da nietzschiana vontade de potência. Inspirados por um poema de Catulo, defendemos que é preciso ignorar as tradições engessadas – ou “os rumores dos velhos mais severos” – para que o ato de filosofar, entendido como um ato de amor e de criação, possa florescer. A interseccionalidade é apresentada como uma ferramenta crucial para reconhecer as opressões que estruturam as múltiplas crises da contemporaneidade – irremediavelmente latentes na realidade dos estudantes. Já a vontade de potência é concebida como o manancial de uma educação que visa criar e doar, transformando a docência em uma experiência de autossuperação e afirmação da vida. O texto relata a aplicação prática dessas ideias em programas de formação de professores, nos quais a distinção entre forças ativas (criativas, afirmativas) e reativas (ressentidas, negadoras) é usada para irrigar e inspirar práticas pedagógicas libertadoras. Atrelando vida e pensamento em uma unidade complexa e indivisível, conclui-se que a singularização de estudantes e professores é o objetivo maior de uma educação que pretenda doar e criar territórios nos quais viver, filosofar e amar desempenham o papel de potências transformadoras – o que Ailton Krenak sintetiza na máxima que dá nome ao artigo: “Não há nada mais importante do que a vida”.