A Cara da Ciência Política no Brasil
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Quem faz Ciência Política no Brasil e até que ponto a recente expansão da área tem alterado os mecanismos históricos de hierarquização que estruturam o campo? Embora a literatura tenha explorado sua formação tardia e a influência de matrizes externas, ainda se sabe pouco sobre como essas dinâmicas se expressam hoje nas trajetórias, agendas e formas de reconhecimento acadêmico. O artigo questiona em que medida a expansão territorial e institucional da disciplina tem promovido pluralidade e diversidade. Para respondê-lo, o estudo analisa as assimetrias institucionais, temáticas e demográficas que moldam a produção e o prestígio acadêmico, identificando quem são, onde atuam e o que produzem os docentes da pós-graduação em Ciência Política no Brasil. A pesquisa usa base original usando como fonte Lattes e Google Scholar, combinando estatísticas descritivas, modelagem de tópicos e regressões com pareamento para estimar os determinantes do impacto acadêmico. Os principais resultados mostram que, em modelos com controle de condições institucionais, formativas e temáticas, as diferenças de impacto entre homens e mulheres tornam-se amplamente mitigadas, permanecendo significativas apenas nas métricas mais sensíveis à produtividade contínua. Isso sugere que as assimetrias de gênero decorrem menos do desempenho individual e mais de desigualdades de oportunidades e escolhas métricas. Apesar da expansão territorial e do avanço feminino, o campo ainda se estrutura por redes de formação concentradas, hierarquias institucionais e assimetrias regionais. Ao revelar continuidades e tensões, a Ciência Política brasileira se reorganiza sem romper totalmente com suas heranças, indicando caminhos para uma disciplina mais plural, equitativa e autocrítica.