OS EFEITOS DE SENTIDO NA RELAÇÃO MULTIESPÉCIES: UMA ANÁLISE DO DISCURSO JORNALÍSTICO SOBRE “ATAQUE DE TUBARÃO”
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Este trabalho discute a problemática da objetividade e da referencialidade na linguagem, tomando como objeto o discurso jornalístico sobre o animal-tubarão, a partir da reportagem Praia do Medo (2014), publicada na revista National Geographic Brasil. Partindo da Análise de Discurso materialista (AD), com base em Michel Pêcheux (2014a; 2014b), e da teoria marxista do jornalismo, proposta por Genro Filho (2012), situamos o funcionamento ideológico e o discurso como noções centrais para compreender a relação humano-animal por meio da discursividade. Mobilizamos, também, os estudos animais e os estudos multiespécie (Dooren, Kirsky, Münster, 2016), os quais fornecem perspectivas que descentralizam a figura humana, a fim de olhar para a alteridade, o animal não-humano. A partir desse quadro, formulamos a seguinte questão que norteia o trabalho: Como o animal-tubarão é designado e agenciado pelo discurso jornalístico? Interpretamos a produção de sentidos a partir da relação animal-corpo, destacando-se primeiramente o encadeamento significante que associa a boca do animal com o perigo ao ser humano, via um saber do senso comum, que é contrariado pelo saber científico na medida que este exclui uma intencionalidade do animal em predar a espécie humana; em segundo lugar, é a relação corpo-espécie que se constitui, via saber científico, associando o tubarão com o equilíbrio ecológico.