TEIA DOS POVOS E A CRISE AMBIENTAL: COSMOPOLÍTICA,AGROECOLOGIA E RESISTÊNCIAS PLURIVERSAIS NO RIO GRANDEDO SUL
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A pesquisa tem como objetivo compreender como a Teia dos Povos emLuta no Rio Grande do Sul constrói práticas agroecológicas e redes de resistência pluriversais diante da crise ambiental e do avanço do agronegócio, analisando deque modo desestabiliza dicotomias modernas, como natureza e cultura, ereconfigura o território como espaço relacional e político. Para isso, adota uma abordagem qualitativa fundamentada na Teoria Ator-Rede e na cosmopolítica, combinando análise de conteúdo e mapeamento de redes sociotécnicas. O corpus empírico foi composto por 1.754 registros públicos da Teia, incluindo cartas deJornadas de Agroecologia, postagens em mídias sociais, vídeos e podcasts produzidos entre 2021 e 2023, que permitiram identificar categorias centraiscomo território, cuidado, soberania e espiritualidade, bem como o papel demediadores humanos e mais-que-humanos. Os resultados indicam que a Teia ressignifica a agroecologia como prática ontológica e política, indo além de umconjunto de técnicas agrícolas, ao articular espiritualidade, cuidado coletivo ereciprocidade entre humanos e não humanos. Práticas como a troca de sementescrioulas, a organização de mutirões e a vivência de rituais comunitários revelamuma alternativa à homogeneização imposta pelo agronegócio e às epistemologias coloniais, reforçando a autonomia comunitária e a soberania alimentar, territorial e pedagógica. Apesar de enfrentar desafios relacionados à ausência deapoio estatal, às emergências climáticas e às tensões internas, a Teia dos Povosevidencia a potência das resistências pluriversais para enfrentar o colapso socioambiental contemporâneo e amplia as ferramentas analíticas das Ciências Sociais para interpretar a crise ambiental.