Estresse percebido e cicatrização em pessoas com feridas de difícil cicatrização: estudo de coorte
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Objetivo: Identificar e analisar a relação entre estresse percebido, cicatrização e outras variáveis clínicas em pessoas com feridas de difícil cicatrização atendidas em um ambulatório de Estomaterapia. Métodos: Estudo de coorte secundário, observacional e prospectivo, aprovado por comitê de ética. Os dados foram coletados ao longo de 2 a 6 atendimentos, por meio de entrevistas, exames das feridas e revisão de prontuários, utilizando instrumentos no aplicativo REDCap, tais como formulários sociodemográficos e clínicos, o Inventário Breve de Dor (escores de intensidade da dor e de interferência na vida), o Questionário de Dor McGill e o Instrumento de Avaliação da Ferida da Bates Jensen (escore de gravidade de 13 a 65), além da Escala de Estresse Percebido. As análises incluíram testes de hipótese, correlações de Pearson e modelos de regressão de efeitos mistos. Resultados: Entre 32 pacientes, 75% apresentavam feridas em membros inferiores, com média de 4,5 anos de duração e escore médio de gravidade da ferida de 20,9. Cicatrização tardia foi identificada em 21,9% dos pacientes ao longo dos atendimentos. Em correlação fraca, observou-se que quanto maior o estresse percebido, maior o escore de gravidade da ferida. No entanto, o estresse percebido isoladamente não previu a cicatrização ao longo do tempo. Em correlação moderada, verificou-se que quanto menor a duração da ferida, maior o estresse percebido e menor a percepção de coping. Além disso, pacientes com cicatrização tardia e feridas de maior duração apresentaram maiores escores de coping percebido. Ademais, em correlação moderada, quanto maior a interferência da dor, maior o estresse percebido e menor o coping; e quanto maior o escore de dor no Questionário McGill, maior o estresse percebido e o distresse. Conclusão: O estresse é um fenômeno biopsicossocial complexo que contribui para os desfechos clínicos de pessoas com feridas de difícil cicatrização, em conjunto com outras variáveis, sobretudo a dor e a duração da ferida. Identificou-se maior coping percebido em pacientes com feridas de longa duração; entretanto, esse fator foi impactado pela dor.