Notas iniciais sobre a Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia: o que pensar e o que fazer

Read the full article See related articles

Discuss this preprint

Start a discussion What are Sciety discussions?

Listed in

This article is not in any list yet, why not save it to one of your lists.
Log in to save this article

Abstract

O objetivo deste artigo é analisar criticamente o Decreto nº 12.657/2025, que instituiu a Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia no Brasil, identificando ambiguidades e omissões que podem comprometer sua efetividade. Inicialmente, contextualiza-se o processo de construção da Política desde 2017, incluindo as consultas públicas de 2023 e a II Conferência Nacional em 2024, destacando-se a ausência de discussão pública sobre o texto final da minuta. Em sequência, o artigo examina quatro aspectos problemáticos. Primeiro, questiona-se o conceito de "enraizamento comunitário", alertando para riscos de interpretações seletivas que possam favorecer determinados grupos migratórios e retomar práticas assimilacionistas históricas. Após, analisa-se a nova estrutura de governança, especialmente a indefinição sobre o Conselho Nacional de Migração e sua relação com o CNIg, além da manutenção da Operação Acolhida como parte de uma política paralela. Critica-se ainda a postergação excessiva de regulamentações para portarias ministeriais, incluindo equipamentos socioassistenciais e procedimentos de regularização documental. Por fim, aponta omissões significativas em temas como mobilidade decorrente de mudanças climáticas, proteção de crianças e adolescentes desacompanhadas, sistema de refúgio e situação de brasileiros emigrados. O artigo conclui que, apesar das limitações identificadas, a Política representa avanço institucional relevante. Sua efetivação, contudo, dependerá fundamentalmente do engajamento da sociedade civil, comunidades migrantes e instituições de direitos humanos na construção do Plano Nacional quadrienal e no monitoramento da implementação, visando uma abordagem menos securitária e mais alinhada às demandas contemporâneas da mobilidade humana.

Article activity feed