Representação política de mulheres na Câmara Municipal de Belo Horizonte
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A persistente sub-representação de mulheres em cargos legislativos, apesar da adoção de cotas de gênero, evidencia os limites das medidas formais de inclusão política. Este artigo analisa como as cotas partidárias se articulam a fatores como financiamento de campanha, estruturas de recrutamento e trajetórias individuais para moldar a competitividade de candidaturas femininas em Belo Horizonte. O foco recai sobre os pleitos de 2020 e 2024, momentos de inflexão marcados por mudanças normativas e pela emergência de novas lideranças. A pesquisa combina análise de dados eleitorais com revisão de literatura nacional e internacional sobre representação, ação afirmativa e violência política de gênero. Os resultados indicam que, embora as cotas tenham impulsionado o crescimento numérico de vereadoras — de cinco em 2008 para doze em 2024 — sua efetividade depende de condições complementares: repasse equitativo de recursos, abertura partidária a perfis não tradicionais e enfrentamento da violência política. O estudo também mostra que partidos de esquerda, como o PSOL, destacam-se pela incorporação de candidaturas oriundas de movimentos sociais e com maior diversidade racial, enquanto partidos de direita concentram maior número de eleitas, mas reproduzem padrões tradicionais de recrutamento. Conclui-se que Belo Horizonte constitui um campo privilegiado para compreender como os efeitos das cotas variam conforme as práticas partidárias e contextos locais. A contribuição do artigo é evidenciar que a democratização da política brasileira exige não apenas a presença numérica de mulheres, mas também condições institucionais e culturais que tornem suas candidaturas substantivamente competitivas.