MILITARES EM MARCHA: REAÇÕES À COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE E A (RE)ATULIZAÇÃO DA POLITIZAÇÃO CASTRENSE
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Este artigo analisa a 304ª Reunião do Alto Comando do Exército (RACE), realizada em fevereiro de 2016, como um ponto de inflexão na inserção política da cúpula militar brasileira. Argumenta-se que o encontro não se restringiu a uma rotina administrativa, mas funcionou como espaço de mobilização no qual memória autoritária, redes de oficiais-generais e circulação para cargos civis se entrecruzaram, conformando a base do chamado Partido Militar. A pesquisa parte de três procedimentos metodológicos complementares: (i) análise de discurso de manifestações públicas dos generais; (ii) levantamento sistemático dos cargos ocupados pelos 17 oficiais presentes à reunião, a partir de dados oficiais do Diário Oficial da União e de fontes secundárias; e (iii) aplicação da lógica do process tracing, reconstruindo a sequência causal que conecta a 304ª RACE à projeção político-institucional dos militares nos governos Temer e Bolsonaro. Os resultados indicam que a reunião de 2016 operou como um verdadeiro “banco de quadros”, projetando lideranças para posições estratégicas no Estado e reatualizando a tutela militar como horizonte de ação política, em um movimento que evidencia os limites da democracia brasileira.