A plataforma antissindical das big techs: o caso da Mercado Livre no Brasil
Listed in
This article is not in any list yet, why not save it to one of your lists.Abstract
Apresentamos o processo de conformação de um período de conflito político, entre os anos de 2022 e 2025, envolvendo a empresa Mercado Livre no Brasil e trabalhadores de tecnologia da informação, categoria esta que foi desmembrada juridicamente em 2019 através de uma nova entidade empresarial, a Meli Developers, conformando-a contratualmente como atividade econômica distinta da que se encontrava até então. Neste processo de fragmentação da força de trabalho e dos regimes contratuais efetivado pela Mercado Livre, a estrutura sindical é acionada em disputa entre sindicatos pela representação da “nova” base. A mesma estrutura sindical é, por outro lado, estrategicamente articulada em mudanças institucionais por parte da empresa, aliada a práticas ideológicas e constrangimento à mobilização coletiva, visando contornar a atividade sindical no interior da empresa. Concorrência no nível do sindicalismo de base e estratégias empresariais de contornar direitos trabalhistas são percebidas e reagidas pela base, impulsionando a conformação de um grupo de trabalhadores extraoficial, o Trabalhadores Meli, que passa a mobilizar a atividade sindical da categoria. Descrevemos nesta apresentação: estratégias e táticas antissindicais, convergências e divergências entre neoliberalismo e sindicalismo, elementos objetivos e subjetivos que constrangem ou estimulam o percurso rumo à atividade sindical. Concluímos que, no caso analisado, elementos subjetivos sobre a atividade laboral e a política empresarial tornam-se relevantes na aproximação com a atividade sindical, por isso sendo articulados tanto para constranger quanto para impulsionar a organização coletiva.