RELAÇÕES DE TRABALHO EM DISPUTA: A INTRODUÇÃO DE UMA NOVA CULTURA DO TRABALHO EM GOIANA-PE
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Este trabalho tem como objetivo analisar como se sucedeu a introdução de uma nova cultura operária em Goiana, Mata Norte de Pernambuco, após a chegada da fábrica de veículos automotivos da Jeep, e quais as suas características. O território escolhido chama atenção pela ausência de indústrias do ramo no Estado, suscitando a reestruturação produtiva e cultural da região afim de abrigar o novo polo. As circunstâncias sociais e culturais do município apresentaram-se à montadora enquanto uma oportunidade de formar operários sem “vícios”, isto é, sem trajetória sindical, cujos habitus de trabalho pudessem ser moldados conforme seus interesses. Para tanto, foi necessário acelerar o processo de degradação de duas importantes economias locais: a agroindústria canavieira e a pesca artesanal, grandes responsáveis pela formação do operariado local. Ambas são marcadas por distintos saber-fazer, pela cooperação, por éticas e moralidades que se integram ao território, opostas ao requerido pela Jeep. Assim, para a execução da pesquisa, foram feitas entrevistadas em profundidade e análise de trajetórias bourdieusiana entre operários e operárias do Polo. A partir do material colhido foi possível perceber a aproximação da montadora com o território via retomada de importantes instâncias de socialização da região, como a cultural, e a perspectiva de resistência dos trabalhadores frente às investidas do grupo.