O sofrimento psicossocial na universidade: ouvindo estudantes em tempos de crise
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O artigo apresenta resultados de pesquisa realizada com estudantes universitários de uma universidade pública no primeiro ano da pandemia da COVID-19. Foi utilizado um questionário on-line contendo questões de identificação sociodemográfica, seguidas por uma escala do tipo Likert, abordando 4 dimensões da experiência dos estudantes: (1) pessoal/emocional; (2) interpessoal; (3) estudos/profissão; e (4) vida virtual. Participaram 206 estudantes de graduação, em sua maioria jovens, do gênero feminino, solteiros e com baixa renda familiar. Os dados revelaram inquietações, insegurança e ansiedade dos estudantes em relação ao presente, em contraste com confiança e esperança em relação ao futuro. Destaca-se a importância da rede de apoio representada por amigos e familiares como suporte emocional. As interações na vida virtual se mostraram importantes para a manutenção de laços afetivos e minimização dos efeitos do distanciamento social na pandemia, embora não sejam consideradas substitutas do contato presencial. Sentimentos de solidão foram frequentes, sugerindo efeitos subjetivos do isolamento compulsório, com possíveis repercussões para a saúde mental a longo prazo. O trabalho pretende contribuir com a reflexão acerca da saúde mental na vida universitária no período pós-pandêmico e com o planejamento de intervenções no espaço coletivo como condição de superação de seus impasses. Além disso, colabora com a discussão interdisciplinar que se impõe em tempos de crise, com repercussões para ações intersetoriais articuladas entre educação e saúde mental.