VERTIGEM DA URGÊNCIA: TRABALHO DOCENTE E SAÚDE NA VISÃO DE SINDICALISTAS NO BRASIL E PORTUGAL
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O principal objetivo deste estudo consiste em problematizar mudanças ocorridas no trabalho docente da educação básica na perspectiva de professores em exercício de direção sindical no Brasil e em Portugal. Defende-se a tese de que se vive uma nova fase de organização capitalista dos processos de trabalho, na qual as tecnologias digitais possuem relevância no tempo laboral com consequências coletivas para a saúde. No plano teórico, lançou-se mão de parâmetros para estudo dos limites da jornada de trabalho, cuja vertente postula a resistência e a luta política para se contrapor aos antigos modos de exploração e às novas formas de dominação. Quanto aos procedimentos no campo de estudo, adotou-se a pesquisa social de caráter qualitativo junto a sindicatos docentes nos dois países, sendo que as estratégias de investigação foram diferenciadas. No Brasil, foram realizadas duas oficinas em ambientes digitais com dez sindicalistas e em Portugal efetuaram-se entrevistas individuais com cinco sindicalistas. A interpretação dos materiais de campo foi realizada por meio da técnica de análise temática, chegando-se a três categorias principais de análise: flexibilização e alienação do tempo laboral coletivo; hora tecnológica, burnout e o direito à desconexão do trabalho; tempo de resistências. Na perspectiva dos participantes de pesquisa, predominam, em ambos países, a realização de horas extraordinárias de trabalho, a sobrecarga laboral e a grande quantidade de tarefas. Embora, verifica-se a fragilidade dos sindicatos no contexto internacional, ainda se constituem em importantes coletivos que lutam contra a degradação do trabalho docente e a defesa da educação de qualidade.